INTERNACIONAL
Acumulando mais 4% de perdas na última quinzena, a TSR-20 em Singapura fechou a semana a USD1,35. Mais uma vez a China roubou a cena no noticiário econômico.
Depois de registrar números fracos em seu desempenho econômico, sobretudo no que diz respeito a consumo doméstico e exportação, a República Democrática da China tomou os mercados de assalto com uma série de ações de desvalorização de sua moeda frente ao dólar totalizando 4,5% de perdas.
Este mal desempenho da economia chinesa já vinha pesando sobre as cotações da borracha.
Contudo, se por um lado esta ação serviu para criar estímulos à economia do país, sua adoção lançou temores sobre condição da economia chinesa. O medo de que o fôlego chinês para o crescimento economico esteja ainda mais baixo do que se vinha projetando, derrubou as bolsas por todo o mundo.
Outro destaque entre as commodities foi o petróleo que acumulou cerca de 6% de queda na quinzena fechando a semana próximo dos USD42,00 o barril. Segundo analistas novas baixas devem se seguir. Por hora, com a deterioração dos fundamentos de oferta e demanda de borracha natural podemos afirmar que a influência do petróleo sob a cotação é neutra. Mas a baixa na cotação do petróleo e da borracha natural esta criando oportunidades para alguns setores da indústria.
Neste sentido, uma interessante análise realizada pela Bloomberg Intelligence e divulgada pelo Grupo CFF comprovou esta semana a máxima de que "enquanto alguns choram, outros vendem lenço".
Segundo o estudo, com a economia americana reagindo a passos lentos mas constantes, a baixa nas commodities sobretudo petróleo e borracha natural, abriu caminho para um aumento da margem das indústrias pneumáticas.
"'Estamos em um bom momento,' Disse o Diretor Financeiro da Continental, Wolfgang Schaefer, a investidores no último dia 04 de agosto depois de anunciar que o lucro trimestral saltou 25% comparado ao ano anterior.
Tome a Goodyear como exemplo, nos EUA a maior produtora de pneus: suas ações estão até 25% mais altas comparadas com o ano passado.
'As margens dos produtores de pneus estão se expandindo por causa dos preços baixos para borracha sintética e natural' descreveram Kevin Tynan e Tanner Murphy, analistas da Bloomberg Inteligência, em seu relatório.
A margem bruta da indústria subiu para quase 27,5% no primeiro trimestre, o mais alto em pelo menos 15 anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
Os preços baixos do petróleo tem um outro efeito indireto: a gasolina mais barata esta influenciando os motoristas a dirigirem com mais freqüência e mais longe. Motoristas norte-americanos têm respondido de forma particularmente forte aos preços dos combustíveis mais baixos."
Leia a integra deste artigo nesta tradução exclusiva: internacional140815.pdf
BRASIL.
No Brasil o preço do GEB-10, referência para a remuneração do coágulo no campo, se mantém estável graças a disparada do dólar que continua dando suporte à cotação contra o declínio internacional.
Infelizmente nosso país não esta em condições de tirar proveito das mesmas "oportunidades" norte-americanas.
Se o preço do petróleo esta motivando o consumidor americano a "queimar" o combustível do seu veículos e a borracha de seu pneu, no Brasil o efeito Petrobrás/Operação Lava Jato combinados com a heterodoxia monetária do governo nos últimos anos estão levando alguns setores da economia à beira da paralizia.
Setores tradicionalmente dependentes de estimulos governamentais estão demitindo em velocidade recorde como é o caso do automotivo que só no mês passado demitiu 6.661 funcionários.
Feitas estas considerações, não é de se estranhar que o estoque das Pneumáticas brasileiras esteja passando por revisões. Ou seja, enquanto as subsidiárias norte-americanas comemoram, as brasileiras apertam os cintos.
Por aqui, a compra de matéra-prima (leia-se GEB-10) permanece sob forte contingenciamento até segunda ordem. Especula-se que em alguns casos o gancho perdure por todo o segundo semestre de 2015 e só retome a normalidade em janeiro de 2016.
Neste cenário o mercado brasileiro de borracha natural se encontra apoiado sobre a capacidade das Usinas Beneficiadoras em absorver a produção deste início de safra mesmo com volume de vendas restrito, ou seja, com o uso massivo de seu capital de giro.
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Diogo Esperante
Gerente de Projetos pós-graduado pela FEA-RP/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) atua no setor da Borracha Natural a 8 anos e atualmente integra como Analista de Mercado a Equipe de Gestão do Grupo Hevea Forte (heveaforte.com.br). Além de consultor, gerencia a propriedade familiar Fazenda Morada da Prata no interior de São Paulo e em Minas Gerais. Membro da Câmara Setorial da Borracha Natural Paulista, Diretor de Divulgação da APABOR, Diogo preside o Conselho Deliberativo da mesma instituição e escreve quinzenalmente neste espaço.